ATA DA DÉCIMA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO
LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 27-5-2003.
Aos vinte e sete dias do mês de maio de dois mil e três,
reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas e quinze minutos, constatada a
existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da
presente Sessão, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadã Emérita à
Senhora Júlia Lemmertz Dias Borges, nos termos do Projeto de Resolução nº
110/02 (Processo nº 3283/02), de autoria da Vereadora Clênia Maranhão.
Compuseram a Mesa: o Vereador João Antonio Dib, Presidente da Câmara Municipal
de Porto Alegre; o Senhor Geraldo Stédile, Presidente do Conselho de Cidadãos
Honorários de Porto Alegre; a Senhora Júlia Lemmertz Dias Borges, Homenageada,
e seu esposo, Senhor Alexandre Borges; a Vereadora Clênia Maranhão, na ocasião,
Secretária “ad hoc”. Ainda, como extensão da Mesa, foi registrada a presença do
Deputado Estadual Cézar Busatto. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos
para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional, executado pela violoncelista
Milene Aliverti, pelo violonista Francisco Coller e pela cantora Marlene Pastro
e, após, concedeu a palavra à Vereadora Clênia Maranhão que, em nome da Câmara
Municipal de Porto Alegre, externou sua satisfação em poder homenagear a
Senhora Júlia Lemmertz Dias Borges, pela trajetória de sucesso como pessoa e
como atriz no âmbito do cinema, teatro e televisão. Também, ressaltando os
laços familiares que ligam a Homenageada ao Rio Grande do Sul, elogiou o
talento e a determinação demonstrados por Sua Senhoria ao longo de sua carreira
profissional. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou a Vereadora Clênia
Maranhão a proceder à entrega do Título Honorífico de Cidadã Emérita à Senhora
Júlia Lemmertz Dias Borges, concedendo a palavra a Sua Senhoria, que agradeceu
o Título recebido. Após, o Senhor Presidente presenteou a Homenageada com
lembranças de Porto Alegre e convidou os presentes para ouvirem a execução da
música “Anita” e do Hino Rio-Grandense, executados pela violoncelista Milene
Aliverti, pelo violonista Francisco Coller e pela cantora Marlene Pastro. A
seguir, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente agradeceu a presença de
todos e declarou encerrados os trabalhos às dezessete horas e cinqüenta e um
minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à
hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador João Antonio Dib e
secretariados pela Vereadora Clênia Maranhão, como Secretária “ad hoc”. Do que
eu, Clênia Maranhão, Secretária “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente
Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pela Senhora 1ª
Secretária e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (João
Antonio Dib): Neste
momento, damos início à Sessão Solene de outorga do Título Honorífico de Cidadã
Emérita de Porto Alegre à Sr.ª Júlia Lemmertz Dias Borges, proposta pela nobre
Ver.ª Clênia Maranhão. Compõem a Mesa a nossa homenageada, Júlia Lemmertz Dias
Borges; seu esposo, Sr. Alexandre Borges; o nosso Presidente do Conselho de
Cidadãos Honorários de Porto Alegre, Sr. Geraldo Stédile; presente no nosso
Plenário e fazendo parte da nossa Mesa, pelo menos por extensão, o nobre
Deputado Cézar Busatto.
Convidamos todos, neste momento, a ouvirem o Hino Nacional,
que será interpretado pela cantora Marlene Pastro.
(Apresentação do Hino Nacional interpretado pela cantora
Marlene Pastro.)
A
Ver.ª Clênia Maranhão, proponente desta homenagem, está com a palavra.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Queríamos saudar a presença neste Plenário de Aloísio Abranches, um
dos maiores diretores de cinema brasileiro; queríamos saudar a presença de
Esdras Rubim e agradecer por ter feito intercâmbio, o contato com a Júlia
Lemmertz, que nos permitiu iniciar o processo desta homenagem.
Foi
muito gratificante, Júlia, ver a imensa alegria da Cidade ao tomar conhecimento
da outorga do Prêmio de Cidadã Emérita de Porto Alegre a Júlia Lemmertz. Hoje,
depois de ver noticiado na imprensa, nos dias de anteontem e ontem, as pessoas
me paravam nas ruas, e todas fascinadas falavam da homenagem a Júlia Lemmertz,
uma homenagem a uma porto-alegrense, um dos grandes nomes do teatro, do cinema
e da TV brasileira.
Era
incrível como as pessoas recordavam, inclusive, dos primeiros trabalhos da
Júlia Lemmertz; os primeiros papéis na TV Bandeirantes, na novela Adolescente; o seu desempenho na
minissérie da Globo Tenda dos Milagres;
o maravilhoso e recente desempenho da Marta Morta no Beijo do Vampiro. E acompanham com grande expectativa o seu novo
filme Três Marias, e todos sabem de
ti. Sabem que és casada com o ator Alexandre Borges, que és mãe da Luiza e do
Miguel.
E
todos me falaram que, além da unanimidade sobre o talento, o fascínio das
pessoas com a Júlia dá-se também pela sua capacidade de perseverança, pela
valorização do seu espaço de individualidade, pela sua capacidade de afeto
familiar, de preservação com os vínculos da sua origem e com a sua
possibilidade de compatibilizar tudo isso com o mundo exposto do sucesso.
Avessa
às futilidades, que, tão freqüentemente, se acoplam à fama, Júlia se firmou
pelo talento, pela determinação e pela tranqüilidade herdada da mãe, a atriz
Lilian Lemmertz, e pela sensibilidade do pai, o Poeta Linneu Dias.
O
Prêmio concedido desta Casa à atriz é, também, um prêmio à cidadã, concedido à
pessoa, que segue sendo Júlia, íntegra, humana e afetiva, apesar das armadilhas
típicas do sucesso.
Porto
Alegre se sente honrada com o seu retorno, e esta Casa que, por unanimidade,
delegou-te o Prêmio, reconhece na tua pessoa, no teu desempenho, no teu talento
e compromisso, a homenagem de uma filha que, se fazendo célebre, continua igual
como era na sua infância e reconhece a sua Cidade como sendo sempre sua. Muito
obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Minha cara Júlia, a homenagem é singela,
mas profundamente sincera e, realmente, merecem o título de eméritos aqueles
que se distinguem promovendo a nossa querida Porto Alegre. Porto Alegre, sem
dúvida nenhuma, para mim e para muitos que estão aqui, acredito até que para a
nossa representante fora de Porto Alegre, é a mais bonita Cidade do mundo, é
pequena, é grande, é tudo o que nós queremos, e a Júlia sabe fazer com que esta
Cidade seja engrandecida. Hoje a Câmara Municipal, síntese de todos os cidadãos
porto-alegrenses, está dizendo que a Júlia merece uma homenagem especialíssima,
que é o Título de Cidadã Emérita. Emérito significa insigne, aquele que está
acima dos demais, pelo seu trabalho, pela sua capacidade, pela sua doação, por
aquilo que representa em torno da sua coletividade. Então, a Câmara hoje não
faz mais do que justiça ao trabalho, reconhecendo a importância dessa moça, que
diz que tem ao seu lado o seu namorado eterno, por isso vai ganhar um presente
meu.
Convido
a Ver.ª Clênia Maranhão a proceder à entrega do Título Honorífico de Cidadã
Emérita de Porto Alegre à Júlia Lemmertz.
(Procede-se
à entrega do Título.) (Palmas.)
Agora
sem dúvida nenhuma, o momento mais importante desta Sessão. Convidamos a nossa
homenageada, Sr.ª Júlia Lemmertz, para fazer uso da palavra.
A SRA. JÚLIA LEMMERTZ: Boa-tarde a todos, não sei nem por onde
começar. Vou começar agradecendo, Sr. Presidente, a todos aqui presentes, à
Ver.ª Clênia Maranhão, que teve a inspirada idéia de me convidar, porque, na
verdade, ela me convidou, perguntou se eu aceitava uma homenagem - ser eleita
Cidadã Emérita de Porto Alegre -, e eu disse: “Mas, como? Você me pergunta se
eu gostaria? Este convite, ou alguém pensar nessa possibilidade já, em si, é
uma honra, isto já me deixa homenageada, ‘de cara’”. E aí as nossas conversas
se seguiram até chegar ao dia de hoje, pois nós marcamos esta data. E foi uma
imensa felicidade e uma enorme coincidência - não coincidência, pois eu acho
que coincidências não existem, está tudo bem planejado em algum lugar das
nossas vidas, os nossos destinos. Mas o fato é que eu vinha a Porto Alegre por
vários motivos especiais, e este é um deles: receber este Título. Isso é muito
importante para mim, porque, todas as vezes que eu venho a Porto Alegre, a
minha família inteira aparece. Onde quer que eles estejam, tanto os Lemmertz
quanto os Dias, aparecem todos para me ver, para me prestigiar, seja no
lançamento de um filme, seja vendo uma peça. Daí a minha ligação com o Sul, com
Porto Alegre, além do fato de eu ter nascido aqui. Vivi aqui pouquíssimo tempo
– eu saí daqui em 1963, com alguns meses de vida, e fui para são Paulo com meu
pai e minha mãe, que estavam indo com a Companhia da Cacilda Becker para fazer
teatro, descobrir, enfim, aventurar-se pelos palcos daquela parte do mundo.
Muito pequena saí daqui, mas eu sempre fiz questão de dizer que eu era gaúcha,
apesar de não ter sido criada aqui, de nunca ter estudado aqui, sempre gostei
imensamente daqui. As pessoas achavam que eu era paulista ou, eventualmente,
carioca, mas eu fazia questão de frisar que era gaúcha, inclusive porque sempre
tive muito orgulho de todos os gaúchos, não só dos nossos escritores, músicos e
atores, principalmente, com os quais eu convivi a minha vida inteira; muita
gente boa saiu daqui em busca de trabalho e, eventualmente, com sucesso depois
disso tudo, mas grandes atores, todos gaúchos, tudo que sai daqui é muito bom -
não é, Paulo Eckert? - que está aqui nos prestigiando e que, além de ser um
amigo do coração, é um grande escritor, um grande poeta, e que me dá a honra da
sua presença aqui. Assim como me sinto honrada por ver os Dias aqui, o meu tio
Clóvis, irmão do meu pai - e não sei se há mais algum Dias aqui, mas hoje é um
dia especial, estão todos presentes.
O
que me liga ao Sul, fora a profunda admiração e o fato de eu ter nascido aqui,
são, basicamente, as pessoas que vivem aqui, são os meus parentes, e, de alguma
forma, nas vezes que volto para cá, lembro da minha infância, pois quando eu
morava em São Paulo, e quando vinha para o Sul era férias, ou de verão ou de inverno;
férias de verão, era em Capão da Canoa, onde ocorreu a minha infância, a minha
adolescência, foi a minha descoberta amorosa para tudo. Eu tinha muitos amigos
aqui, e ainda tenho, mas eventualmente os vejo, porque a minha vida virou para
o Rio de Janeiro, mas as minhas raízes são realmente aqui.
Eu
fico muito feliz, e não só feliz, porque isso é pouco, mas emocionada e
agradecida, de coração, por ter recebido esta homenagem, porque confirma a
minha admiração e o profundo prazer que tenho por ser gaúcha. Eu sempre falo
que sou gaúcha e colorada, para a alegria de uns e descontentamento de outros,
eu sei, mas colorado é assim: tu nasces colorado - ou gremista -, ninguém é
perfeito.
Eu
cultivei isso tudo pelo amor que todos os que estão aqui e os que não estão,
mas que são Dias ou Lemmertz, têm por mim, e é recíproco e muito forte.
E
um outro motivo que me trouxe aqui - e que também é muito importante - foi o
lançamento do livro do meu pai, Lineu Dias, que faleceu em agosto passado. Na
verdade, meu pai e minha mãe é que deveriam estar aqui recebendo esta
homenagem, porque eles sim foram grandes figuras gaúchas, que saíram daqui para
o mundo, são figuras de teatro, de cinema, figuras incríveis.
Meu
pai deixou um livro, que todos vocês terão a sorte de ler; ele está sendo
lançado hoje, no Café do Cofre, às 20h. Quem quiser aparecer será muito
bem-vindo, nós teremos um pequeno sarau, com uma leitura de poesias. E esta
homenagem é uma homenagem a ele, também, que era um grande gaúcho e um adorador
de Porto Alegre. E as coisas que ele escreveu sobre Porto Alegre são lindas,
também. Ele me ensinou muito. Não me ensinou didaticamente, mas me ensinou de
alguma forma a conservação dessa memória gaúcha que vem lá de Santana do
Livramento, onde ele nasceu, e todos os seus irmãos e irmãs e os meus primos,
tudo isso é um clã.
Então,
eu me sinto muito arraigada aqui. Eu acho que eu poderia ficar aqui para
sempre, inclusive, falando. Mas eu queria acabar isto só com um profundo
agradecimento de coração e dizer que, com certeza, Porto Alegre e o Rio Grande
do Sul são a minha Pátria amada! (Palmas.)
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Minha cara Júlia, você vai ganhar
presente do nosso presidente do Conselho de Cidadãos Honorários, Geraldo Stédile,
que lhe dá como lembrança, já que falaste em Livramento, em coisas gaúchas, o
livro O Cavalo Verde, de Luís
Coronel, que são casos gaúchos e alguns livros que estavam sendo muito vendidos
ultimamente.
(Entrega
o presente à homenageada.)
Mas,
aqui, enquanto a Ver.ª Clênia Maranhão saudava o esposo da Júlia, eu virei para
ela e disse: esposo não, namorado. Mas nós dois viramos ao mesmo tempo e
dissemos a mesma palavra: “eterno”. Júlia, para mim, é um nome muito grato, era
o nome da minha mãe. E eu vou querer dar, também, um presente. Eu vou querer
que, depois, os dois brindem juntos com o Licor da Dona Júlia, que eu fiz para
oferecer para os meus amigos.
Neste
momento, vamos nos encaminhando para o encerramento da Sessão, agradecendo pela
presença querida da nossa homenageada Júlia Lemmertz, do Alexandre Borges, do
Presidente Geraldo Stédile, do nosso querido Deputado Cézar Busatto, à Ver.ª
Clênia Maranhão pela sua iniciativa, pela presença dos Vereadores Wilton Araújo
e Maristela Maffei, e pela presença de cada um dos senhores, senhoras que, por
certo, estão muito satisfeitos quanto a nossa homenageada, sentindo-se também
homenageados, um pouco homenageados. E, no encerramento, não poderia ser
diferente, nós vamos convidar todos para ouvir a música Anita e, a seguir, o
Hino Rio-Grandense, interpretados pela minha querida amiga Marlene Pastro.
(Apresentação
da cantora Marlene Pastro, que interpreta a música Anita e o Hino Rio-Grandense.)
Agradecemos
a todos pela presença e damos por encerrada a presente Sessão Solene.
(Encerra-se
a Sessão às 17h51min.)
* * * * *